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Sou dadordadora (1)

Como contar ao meu par que sou dador ou dadora?

22 de Janeiro de 2024

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Devo dizer ao meu par que sou dador de esperma ou dadora de óvulos?

Quando temos alguém, perguntamo-nos muitas vezes se devemos ser completamente transparentes. Devo contar-lhe tudo, tudo, tudo?

Antes de mais, devemos ter em conta que esconder certos aspetos da nossa vida à pessoa com quem estamos não é o mesmo que mentir-lhe e que é saudável para uma relação continuar a manter certos aspetos da nossa individualidade e intimidade no nosso “enredo” privado.

Querer partilhar absolutamente tudo com o nosso par, fundimo-nos demasiado e perdemos parte da nossa identidade nessa fusão, com as consequências psicológicas e emocionais que isso tem para nós.

No entanto, nesta altura surge a questão: o que devo ou não dizer ao meu par? Onde está o limite? Devo dizer-lhe que sou dador de esperma ou dadora de óvulos?

Bem, isso depende da pessoa e, claro, da situação. É claro que dizer ao teu par que foste infiel não é o mesmo que lhe dizer que és dador de esperma ou dadora de óvulos.

Neste último caso, a pessoa com quem estás numa relação não se deve sentir mal, porque estás a fazer uma boa ação e isso não a afeta de forma alguma nem afeta negativamente a sua autoestima.

De facto, é possível que, se não lhe disseres que estás a doar, acabes por mentir ao teu par para justificar as visitas e os controlos na clínica. Ou a razão pela qual alguns (poucos) dias não poderão ter relações sexuais.

Assim, se o teu par te “apanha” numa destas mentiras, pode acabar por pensar que estás a esconder algo muito pior e ficar surpreendido/a por não quereres contar-lhe que foste doar. Claro que é perfeitamente legítimo que queiras guardar este assunto para ti e não o partilhes… mas, nesse caso, tens de te perguntar em que valores se baseia uma relação para ti.

Se uma relação se baseia na confiança, na cumplicidade, no apoio mútuo, no respeito… então, porque é que achas que o teu par não deve respeitar a tua decisão de doar e apoiar-te na mesma?

 

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Pergunta a ti próprio/a: o que farias se o seu par decidisse doar óvulos ou doar esperma, apoiá-lo-ia, respeitá-lo-ia, como se sentiria se ele lhe ocultasse esta informação?

Como contar que sou dador/dadora

Se for esse o caso, talvez não ficarias magoado/a pelo facto de te terem traído, mas sim pelo facto de não terem partilhado contigo algo importante para eles. Embora seja verdade que, enquanto casal, precisamos de guardar o nosso “cantinho” para nós, também precisamos de sentir que fazemos parte um do outro, que há projetos em comum, que o outro é capaz de confiar em nós para as decisões importantes da vida…

Embora que como dizíamos, tudo isto dependerá da pessoa e das suas circunstâncias, mas, sobretudo, do que ela procura num parceiro.

Assim, em vez de te perguntares se deves ou não dizer ao teu par que és dador ou dadora, talvez devesses fazer a seguinte pergunta: porque é que não quero dizer-lhe isto?

Porque se pensas que o teu par não te vai compreender ou apoiar, podes estar a perder aspetos importantes da relação, como a aceitação incondicional do outro, a empatia, a comunicação e o respeito pela autonomia.

Devo contar que sou dador de esperma ou dadora de óvulos? Sim ou não?

Em última análise, não há uma decisão certa ou errada sobre contar ou não contar. No entanto, é preciso teres a certeza de duas coisas importantes: Primeiro, que estás a agir como gostarias de ser tratado/a e, segundo, que existe uma harmonia e sintonia entre os teus valores, os valores do teu par e os valores comuns da relação.

Deves ter em conta que a doação é sempre feita no centro sob o mais estrito anonimato, cabendo a ti partilhar ou não a informação, com o teu par ou com quem quiseres. E lembra-te, não há nada de errado em doar. Devo dizer às pessoas que sou dador/a? Depende de ti. Mas deves saber que é algo de que te deves orgulhar – estás a ajudar muitas pessoas a realizar o seu sonho de constituir família.

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